Dimensões Toleradas
No dia a dia da mecânica é necessária a realização de medições ou inspeções para controle das dimensões em peças que estão passando, ou passaram pelo processo de fabricação, ou ainda, peças que já estão em uso, como o caso de alguma peça que deve ter o nível de desgaste verificado para possível substituição em um processo de manutenção.
Além de medir, outras informações são necessárias, pois a medição vai dar o valor de uma determinada característica de uma peça. Mas, se você não souber o quanto esta característica poderá variar, não vai poder dizer se a medida está boa ou não. Portanto, é necessário existir uma tolerância.
A norma ABNT NBR ISO 2768-1 estabelece valores para tolerâncias gerais para dimensões. Ou seja, são tolerâncias aplicáveis, por exemplo, em um desenho onde as cotas informam apenas os valores nominais de cada medida.
Dessa forma, é possível simplificar um desenho, não sendo necessária a indicação individual da tolerância para cada cota.
Outra situação em que pode ser aplicada as tolerâncias gerais nas dimensões são em casos onde uma peça é produzida com base nas medições de uma outra peça já existente. Nesse caso, pode-se aplicar a norma de tolerâncias gerais, escolhendo a classe mais adequada à aplicação da peça.
Na mecânica, as tolerâncias e os símbolos nos ajudam a identificar e interpretar muitas necessidades, ou requisitos de um produto ou peça em um projeto. Podemos dizer que existem as cotas nominais, que são as cotas dos desenhos técnicos; e as cotas efetivas, que correspondem às medidas das peças já fabricadas, dentro das tolerâncias permissíveis.
Imagine que uma peça a ser fabricada tem a informação no desenho que as tolerâncias devem ser de acordo com a ISO 2768-1, ou que um cliente envia uma peça para fabricação de outra igual e solicita que seja respeitada essa norma.
Nos dois casos, primeiramente é preciso ter acesso à norma e identificar a classe de tolerância específica. Depois disso, verificar de acordo com cada dimensão qual o valor da tolerância aplicável para fabricação da peça.
Existem quatro classes de tolerância que estão relacionadas com o grau de precisão dos processos de fabricação. São elas: fino, médio, grosso e muito grosso, sendo o fino adequado aos processos mais precisos e o muito grosso aos menos precisos.
Sendo assim, se há uma cota com 10 mm, a tolerância será mais ou menos dois décimos, ou seja, poderá variar um total de quatro décimos. Mas, para uma cota com valor 100 mm, a tolerância já estará em mais ou menos três décimos, nesse caso, a amplitude será de seis décimos.
Para evitar a consulta na norma em cada desenho, muitas empresas colocam uma tabela com as faixas de medidas e as tolerâncias correspondentes, no próprio desenho, junto à legenda.
Quando se trata de peças que trabalham em conjunto, onde é necessária alguma precisão, o ajuste é indicado através das tolerâncias dimensionais, nas cotas das características que vão trabalhar em conjunto, de acordo com a precisão necessária para o ajuste funcionar.
Agora que já conhecemos as formas de tolerâncias para as dimensões, vamos conhecer as tolerâncias para geometrias, seus símbolos, como aplicá-las e realizar as medições.
Em peças que trabalham em conjunto, onde é necessária alguma precisão, o ajuste é indicado através das tolerâncias dimensionais, nas cotas das características que vão trabalhar em conjunto, de acordo com a precisão necessária para o ajuste funcionar. Neste contexto, é correto afirmar que para controlar dimensões é necessário especificar as tolerâncias dimensionais em desenhos técnicos, para controlar geometrias, também é necessário especificar tolerâncias. A norma ABNT NBR ISO 2768-2 estabelece as tolerâncias gerais para geometrias. Porém, no caso de peças que vão trabalhar em conjunto, ou de necessidade de maior rigor em alguma característica específica, o controle da geometria pode ser feito por indicação através de simbologia adequada. Nesse caso, a norma aplicável é a NBR 6409.
© Direitos de autor. 2020: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 22/02/2020
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